quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Notícias Populares

Estou indignada. Estou pasma. Estou anestesiada com essa violência gratuita que invade nossos lares, através dos jornais impressos, dos telejornais que derramam na mesa das refeições o sangue das tragédias urbanas. Será que não há mais nada pra se noticiar neste mundo? Só existe desgraça acontecendo por aí? O sangue e a tragédia é que dão ibope?

Procuro a arte como forma de resolver meus problemas. De criticar esse sensacionalismo, essa banalização da violência, para que os artistas e o público possam se fazer essas perguntas, possam questionar o mundo, buscar ver alguma poesia no cotidiano. Para que percebam que por trás dos números de mortos, feridos, desabrigados, desaparecidos, há pessoas - com nome, família, sonhos perdidos, vidas tiradas. Pessoas que sofrem de verdade, que não têm tarja preta nos olhos, iniciais em lugar de nomes, sangue de catchup: que não são simplesmente uma foto de jornal.

Acredito na arte como ferramenta para os problemas individuais e coletivos. Não é à toa que o teatro vem saindo do palco e ocupando os hospitais, as escolas, os presídios, os bairros, as ruas: é um meio de expressão das nossas inquietações, ansiedades, inadequações e insatisfações. É um espaço de debate, de leitura da realidade, de reflexão, para a construção da cidadania em nossos jovens, do compromisso com o outro e com o mundo. "O Teatro não transforma o mundo, mas nos mostra que é preciso transformá-lo" (salve Dias Gomes). Não é o que fazemos ao levar para o palco a crítica dos meios de comunicação - formadores de opinião pública, ao invés de aceitar todos os fatos noticiados como verdades inelutáveis?

Acho também que a escola não deve servir só para transmitir conhecimentos: sobretudo, deve promover o desenvolvimento das habilidades sociais, comunicacionais, emocionais, relacionais e críticas. Por isso debater a violência através do teatro, através do jornal, através da educação. Através de elementos pulsantes e vivos da nossa sociedade.

Peça "Notícias Populares", dias 23 e 24 de outubro de 2010, às 19h30, no Teatro Academia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário