sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Nós e as sacolinhas plásticas

Lembro-me da minha mãe, quando eu era criança, acomodando as compras em caixas de papelão, e depois fazendo malabarismo para acomodar as três ou quatro ou cinco caixas no fusquinha areia que ela tinha então. E eu ia no banco de trás, espremida e miúda, no meio daquele porta-malas, ou porta-caixas, ambulante. Meu avô tinha um carrinho de feira, de metal, daqueles que dobram-e-fecham, desdobram-e-abrem. Havia também umas sacolas que se dobravam sobre si mesmas e entravam em seus próprios bolsos, virando uma carteirinha de pano; isso sem falar nas tradicionais sacolas de feira listradinhas, de lona plástica. Ah! E quase me esqueço dos sacos de papel do Merci, supermercado substituído depois pelo CB (com aqueles porquinhos impressos em marrom!), e depois Bretas.

Mas, na era dos Bretas e Bahamas e Sales e Super Mais (quanto S!), moderno passou a ser usar sacolas de plástico. Dessas que não cabem mais que três ou quatro produtos. Tão fraquinhas que, quando comportam mais do que os três ou quatro produtos, precisamos usar duas sacolas, uma dentro da outra, pra não correr o risco de perder as garrafas de suco pelo caminho.

E passamos duas dúzias de décadas esnobando sacolinhas plásticas. Usamos as ditas cujas para pôr lixo, para carregar tranqueiras pessoais, para evitar que o gesso molhe no banho, como luva para mexer no esgoto, como saquinhos de vômito nas viagens, como touca para banho de creme no cabelo sábado à tarde. Usamos sacolinhas plásticas aos milhares, às toneladas. Fomos modernos e usamos a tecnologia do saco plástico não-biodegradável a torto e a direito.

Hoje, para estar na moda, mas na moda mesmo, in é sacar sua sacolinha de pano, dobrável e retornável. As sacolas de lona, o ó do kitsch, ganharam enfeitinhos mais coloridos que elas mesmas e ficaram cult. Já vi uns e outros com novos carrinhos de ferro, reluzentes. E os empacotadores (quando os supermercados os têm, é claro) amontoam as caixas de papelão na saída dos mercados, reservando-as para as compras mais volumosas.

Ah! O ser humano e suas eternas verdades provisórias!...

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